"Profeta!", falei, "ser maligno, sempre profeta, ave ou demônio, Pelo céu que nos rodeia, pelo Deus que nós dois adoramos, Fala a esta pobre alma angustiada se no Éden distante Poderá abraçar a jovem a quem os anjos chamam Leonora, Abraçar a bela e rara jovem a quem os anjos chamam Leonora". O Corvo disse: "Nunca mais".
"Não fez nenhuma reverência; não parou, não duvidou, Mas, como um lord ou uma lady, pousou sobre a minha porta"
Então a ave de ébano induziu minha triste ilusão a sorrir, Por sua grave postura e pela severidade de seu aspecto; "Apesar de tua crista ser lisa e rasa," falei, "não és covarde, Torvo, espectral e antigo Corvo que, errando, vens da noite; Fala-me qual é o teu nome senhorial na Noite Plutoniana!" O Corvo disse: "Nunca mais". Maravilhei-me ao escutar aquela ave desajeitada falar tão bem, Apesar de sua resposta pouco esclarecedora e relevante; Porque sabemos que nenhum ser humano ou vivente Jamais se encantou ao ver um pássaro sobre a sua porta - Uma ave ou uma besta no busto esculpido sobre a sua porta - E que se chame "Nunca mais".
Mas o Corvo, pousado no plácido busto, apenas aquelas, etc.
Quero ressaltar que a expressão "do meu coração" encerra a primeira expressão metafórica do poema. Estas palavras, com a resposta correspondente, leva o espírito a buscar um sentido moral em toda a narração que se desenvolvera anteriormente. Então o leitor começa a considerar o corvo como um ser emblemático. Mas só no último verso da última estância pode ver com nitidez a intenção de fazer do corvo o símbolo da recordação fúnebre e eterna:"Afasta teu bico do meu coração, afasta tua forma de minha porta!" O Corvo disse: "Nunca mais".
E o Corvo, ainda imutável, segue pousado, segue pousado Sobre o pálido busto de Palas, bem sobre a minha porta; Seus olhos se assemelham aos de um demônio que medita, E a luz da lâmpada, que o cobre, lança a sua sombra no chão; E minha alma, daquela sombra que jaz flutuando no chão Não se levantará... nunca mais!
EDGAR ALLAN POE - 1845
Obs. A tradução das estâncias e/ou dos exertos de certas estâncias do The Raven que aparecem neste ensaio, foram feitas literalmente (Nota do trad.).
Comentários, colaborações e dúvidas: envie e-mail para Elson Fróes.