Mas sobretudo é, no primeiro significado de catatau, uma pancada violenta. Neste caso, em toda a antiliteratura postiça, nati-podre, que se cultiva no Brasil; por isso é um antibiótico potentíssimo contra o bem-dizer, o bem-pensar, o bem-escrever. E um dos capítulos do Novo Evangelho, do Novo Testamento que a literatura brasileira vem penosamente, afanosamente, pacientemente, coligindo desde Gregório de Matos Guerra. E Paulo Leminski é um de seus supremos profetas, o que traz um Eclesiastes para a literatura morta e uma afirmação cabal para tudo que nunca foi dito e que aqui é expresso de forma indelével, de difícil decifração mas, uma vez captado, alquímico, mágico, capaz de transformar o dizer em algo transcendente e duradouro, que vinca a sensibilidade do leitor e fica uma forma admirável, plural, de escrita nestes trópicos, agora mais desvendados em sua riqueza fabulosa, codificada nesta, para usar urna redundância, fabulação espantosa.
Leo Gilson Ribeiro
*OBS.: Publicado originalmente em Jornal da Tarde, São Paulo, SP, 3/04/1976.
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