A bem da verdade, Leminski manteve todos os aspectos do Satyricon: está ali a novela erótica, a sátira menipéia, o mimo, a fábula milésia. Saem machucados, mas de leve, a crítica literária e a paródia, muito ligados que estão ao conhecimento especializado da cultura clássica antiga. Com polêmica ou sem ela, obra imprescindível a quem traduz do latim a do grego. Difícil dizer até que ponto o Satyricon de Leminski é o Satyricon de Petrônio, mas certo estou de que, se Petrônio fosse contemporâneo nosso a escrevesse, hoje, o Satyricon, escreveria provavelmente como Leminski.
Ariovaldo Augusto Peterlini
*OBS.: Publicado originalmente com o título "Viagem ao "baixo"-Roma", Folha de S. Paulo, 1985.
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