como um fruto
fulgura
a tua beleza:
faz presa
do olhar
que te fareja
e saliva e sabuja
teus pomos, relevos
lambe a luz que açula
a gula de sabê-los
agora as íris
rutilam apelos
ateiam comandos
agora é quando
tua teia de sombra
onde a noite começa
sem lianas de linguagem
a noite espessa
entre corpo e corpo
o expresso nexo
teu velo revelado
velosexo
° ° °
eh lua
puta velha
de qualquer
canção
° ° °
perdi o sono
e o bom humor
só quero teu amor
urge decidir
cortar a dor
ou curtir
° ° °
| vindima |
palavra solta
pedaço de rótulo
da garrafa de vinho
| vinde a mim |
ela escreveu
com tinta-vinho-tinto
no verso do papel
agora
| nunca por acaso |
a mensagem voga
no bojo da garrafa
| in vino vênus |
vem vindimar
anave à deriva
já vou zarpar
rumo da rosa
de anamar
paramarana
paranamar
° ° °
vampiro varado de paixão
respira e delira passo a passo
| ananja, anarcana, unacona |
a solidão espacial do apartamento
avassalado de livros
gritos de guitarra
fantasmas de celulóide
e o brilho da cidade dói
° ° °
canções baratas
loas eróticas
lorotas
canções chorosas
mel e peçonha
gota a gota
noites e noites
nota por nota
bufam a ópera
de tua derrota
° ° °
errata: onde
se lê: eros
leia-se: erros
ou vice-versa
° ° °
poemas extraídos de Calendário Lunático - erotografia de ana k, Ed. Ciência do Acidente, 2000.
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