Poemas de Ronald Polito

 

 

Sísifo
A noite cai no dia cai em si é dia O dia sai da noite sai de si é noite
Iluminação Artificial
esta noite o mar cava com força um milímetro a mais e repousa a mil milhas daqui vem me levar os campos agora fumegam um firmamento de cinzas o deserto depois começa uma sirena longínqua aqui eu estou em minha jaula de jalnes
Zero
Nada amplia esta noite finda. A mera menção da palavra poesia me arrepia. Quando é o fim por um fio continua afora / agora que nã acaba mais. Diminuir é difícil. Perco pouco a pouco as partes da composição e entã sou menor que um cisco, um drama, sou muito menos que qualquer lema. Tão mínimo como um indivisível .
poemas do livro SOLO
ººº



Por Pouco
nada mais subjetivo que não falar de mim nada mais parecido com qualquer coisa assim como que um si contido não sendo não nem sim mas só comum e esquivo mesmo a seu próprio fim
Vaga
pulso fora do ritmo diminuindo o horizonte no fim por certo oceano
Muda
silêncio sem fim um grito em um estojo — para não esquecer — entre suspiros afora rumores de golpes — ruídos
poemas do livro VAGA
ººº

 

 

umindivíduo

sóumindivíduoporém

ésóumindivíduoporémesquecido

entãoésóumindivíduoporémesquecidoenfim
 

 

problema
problem
problème

 

poemas do livro OBJETO
ººº

 

 

 

BINÓCULO




terra
de ninguém
 

mar
sem fim

 

 

 

ESTUDO nuvem ou linha a pálpebra do horizonte a lua esconde caminho INSISTÊNCIA sem pétalas pende (idade adunca) o pólem evolou-se
ANTES DA QUIETUDE
escrevo por contratempo um meio de esquecimento um canto ou mesmo nem tanto um espaço inteiro em branco no corpo fixo um contorno no fôlego o fim do esforço dias de um único dia a vida nunca adjetiva excurso num vão futuro um sussurro se não urro
VÃO
Essa pele de luz que banha as plantas, a varanda, e se arremessa em espirais de fluxos, vertigens, centelhas de lendas indecisas, colares de deslizes, penetrando sem pedir licença para trazer tudo à tona, à sua própria lancetada superfície, essa fímbria de palidez e desprendimento que passa de olhos fechados maculando com maquinarias de sombras os móveis, quadros, aposentos, não, não h´ como deter o espanto, o corpo que salta sem asas do sonho turvo para o trabalho indecifrável (seu segundo turno no escuro) de reconhecer, tateando, os pontos cegos e mecanismos, o inespecífico, aglomeraçõs de cinzas.

 

poemas do livro INTERVALOS

 

 

Ronald Polito?

Copyright © 1999 by Ronald Polito.

 

Û Ý ´ ¥ Ü * e-mail: Elson Fróes