Registros de um Livro:
Poesia Eletrônica / Poesia Digital / TecnoArtePoesia

Jorge Luiz Antonio
jlantonio@uol.com.br  

Introdução

Durante os contatos para a terceira edição de Poesia Digital: Teoria, História, Antologias: Negociações com os Processos Digitais (2010), Paulo Hartmann 1 me perguntou se eu tinha o registro on-line da publicação. Alguns herdeiros legais dos poetas que participaram da antologia de 2010 fizeram perguntas semelhantes. Algo parecido ocorreu, a partir da troca de ideias com Rubenal Hermano dos Santos, editor da Navegar Editora, antes de 2010, para registrar o nome dos participantes da Antologia de Textos Teóricos no livro impresso. Aproveitei a boa ideia do Paulo Hartmann para fazer uma espécie de memória dessa publicação, com o objetivo de esclarecer, o máximo possível, os objetivos da nova edição.


Poesia Eletrônica: Negociações com os Processos Digitais (2005)

A origem do livro foi a tese de doutorado, de 2005, que teve uma edição de doze exemplares, que estão em poder da secretaria de pós-graduação da PUC SP, da biblioteca da PUC SP, da orientadora, dos membros da banca examinadora e de uns poucos colegas, além da minha cópia de acervo.

A enfoque teórico foi um estudo sobre as negociações semióticas da poesia com os processos digitais, com exemplos comentados (textos criativos) e estudos teóricos nacionais e internacionais (antologias), além de uma cronologia desse tipo de criação poética contemporânea (história). Uma revisão da literatura - o que foi estudado sobre poesia digital em vários países desde 1959 - foi uma pesquisa fundamental para a compreensão do fenômeno internacional que se tornou esse tipo de poesia contemporânea 2 .

As normas da PUC SP me permitiram fazer uma capa com ilustração e em cores. O Curso de Infopoesia e Poesia Sonora, ministrado pelo Prof. Dr. E. M. de Melo e Castro (1932-2020), foi inspirador para a elaboração da capa.

A impressão foi feita na gráfica rápida que existia na PUC SP (202 páginas impressas mais CD-ROM):

Figura 1 - Capa da tese e do CD-ROM
Fonte: Antonio (2005)

A primeira capa foi feita pela designer gráfica Solange Pereira Belfort 3 a partir de "ABCArchitecture" (1995), de Jim Andrews (Canadá); a quarta capa foi feita a partir da série de infopoesias "az cor" (1996-1999), de E. M. de Melo e Castro (Portugal).

A composição do trecho de "Nach Franz Kafka", de Théo Lutz (Alemanha, 1959) e da imagem do computador Zuse, modelo Z 22, no qual foi feito a primeira poesia informática (Stuttgart, Alemanha, 1959), é de autoria de Solange Pereira Belfort. Essa obra permaneceu em todas as edições e fará parte da terceira.

As aulas do curso lato sensu de Literatura da PUC SP COGEAE de um modo geral, que trataram da poesia contemporânea (poesia concreta, poesia visual, etc.) e a palestra do saudoso professor e amigo E. M. de Melo e Castro (1932-2020) em 1996, mostrando exemplos de infopoesia e videopoesia e das realizações da Poesia Experimental Portuguesa, tudo isso se tornou a motivação principal para estudar as negociações semióticas da poesia com os processos digitais.

O Índice geral da tese de doutorado foi o seguinte:

Poesia e tecnologia
Poesia, ciência e tecnologia: esboço histórico
Poesia eletrônica
Poesia e computador(es): exemplos comentados
Considerações finais
Anexos:
Antologia das poesias
Antologia dos textos teóricos
Glossário
Bibliografia

Vale registrar os seguintes desdobramentos: 4

Antologia de Poesias

Antologia de textos teóricos 5

Sob a orientação da Profa. Dra. Irene de Araújo Machado, os Prof. Dr. Gilbertto Prado (USP) e Lucio Agra (PUC SP) participaram do exame de qualificação e ofereceram orientações muito importantes. A banca examinadora foi composta por: Chris Funkhouser (EUA), Lucio Agra (PUC SP), Omar Khouri (UNESP) e Lucia Leão (PUC SP). Como o regimento da PUC SP não permitia, na época, arguição on-line, não pude contar com o Prof. Dr. E. M. de Melo e Castro, que estava em Lisboa, mas ele aceitou ficar como suplente.

Poesia eletrônica: Negociações com os Processos Digitais (2008)


Novos estudos, revisões e reescritas permitiram a publicação de Poesia Eletrônica: Negociações com os Processos Digitais em 2008, com auxílio publicação da FAPESP: 200 páginas impressas mais CD-ROM. Essa obra contou com textos de orelha (segunda capa) de Omar Khouri e Lucio Agra (terceira capa). Os prefácios foram de E. M. de Melo e Castro (Portugal) e Chris Funkhouser (EUA). A sobrecapa (primeira) foi feita pela designer gráfica Liliana Bellio 6 a partir da vispo (visual poetry) de Jim Andrews (Canadá) e quatro infopoesias de E. M. de Melo e Castro.

Figura 2 - Capa do livro e do CD-ROM e marcador de livro
Fonte: Antonio (2008)

A primeira edição contou, graças à gentileza da Sra. Hannelore Lutz, esposa de Theo Lutz 7 , com uma foto do pioneiro da poesia informática.


Figura 3 - Dedicatória do livro



Fonte: Antonio (2008, CD-ROM; 2010, DVD)

O índice geral passou a ser o seguinte:

Poesia e Tecnologia: Tecnopoesia
Poesia, Arte, Ciência e Tecnologia
Poesia Eletrônica
Poesia e Computador(es)
Tipologia e Exemplos Comentados
Considerações Finais
Referências
O Sumário do CD-ROM abordou os seguintes tópicos:

Antologia de Poesias
Antologia de Textos Teóricos
Cronologia da Poesia Eletrônica
Denominações da Poesia Eletrônica
Glossário

Vale detalhar os dois primeiros itens:

Antologia de Poesias

Antologia de textos teóricos

Poesia Digital: Teoria, História, Antologias:
Negociações com os Processos Digitais (2010)


Novas pesquisas e estudos ofereceram possibilidades de revisão e reestruturação do conteúdo. O livro impresso da segunda edição, com 80 páginas, foi acompanhado de um DVD. A organização dos capítulos em três grandes partes ofereceu uma visão panorâmica mais clara aos ciberleitores. Usando e-mails, grupos eletrônicos e redes sociais, divulguei o livro em várias línguas. O Prof. Dr. Franklin Valverde escreveu um texto de divulgação, que permitiu a melhor compreensão da obra.

O sumário contou com a seguinte estrutura:

PARTE A - TEORIA
I - Poesia e Tecnologia: Tecnopoesia
1 - Negociações semióticas: mediação, intervenção, transmutação
PARTE B - HISTÓRIA
	II - Poesia, arte, ciência e tecnologia
		1 - Considerações iniciais
	III - Cronologia: 1950-atualidade
	IV - Poesia digital
		1 - Estado de arte
		2 - Denominações mais usadas
		3 - Um conceito de poesia digital
	V - Poesia e computador(es)
PARTE C - ANTOLOGIAS
	VI - Tipologia e exemplos comentados
	VII - Antologia de poesias
	VIII - Antologia de textos teóricos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANEXOS
Denominações
Glossário
AGRADECIMENTOS
ENTREVISTAS E OPINIÕES
BIBLIOGRAFIA


Durante o pós-doutorado (IEL-UNICAMP), concedi muitas entrevistas, ministrei minicursos e palestras no Brasil e no exterior e obtive uma ampla divulgação.

Figura 4 - Capa do livro, do DVD, marcador e sacola

Fonte: Antonio (2010)

O detalhamento das Antologias buscou facilitar a compreensão do texto teórico:

Tipologias e exemplos comentados - o estudo da tipologia oferece aos ciberleitores a possibilidade de entender o conceito e o exemplo comentado.

Antologia de poesias - autores, poemas e autorizações - em respeito à Lei do Direito Autoral, incluí os poemas de autores falecidos há setenta anos (domínio público), autorizados pelos autores ou por seus herdeiros. Outros casos foram resolvidos com a indicação dos links onde foram publicados. Em muitos casos, optei por incluir os poemas no estudo teórico e procurei colocar apenas trechos das obras ou fazer uma síntese com a necessária citação bibliográfica.

Antologia de poesias

Considerações finais

Ao longo da história da poesia digital, pudemos observar muitos poemas visuais feitos por processos digitais, o que nos levou a ampliar a antologia.

Recebemos muitos comentários sobre as edições do livro com CD-ROM e com DVD: os poetas testemunharam que a antologia de poesias motivava e inspirava a produção de novos textos criativos; os teóricos mostraram-se interessados na antologia, pois podiam encontrar reflexões de diversos países e pontos de vista numa mesma publicação. A recepção das edições de 2008 e 2009 indicou que seria necessário preparar uma terceira edição.

A maioria dos consultados autorizou a publicação de novos textos criativos e/ou teóricos ou republicação dos já existentes nas antologias: poucos autores, através de seus representantes, pediram pagamento 8 ; felizmente também poucos consultados (autores e herdeiros) não responderam ao convite.

Alguns enfoques desde 2005 apontaram para a negociações semióticas com os processos digitais e enfatizaram os seguintes aspectos: a poesia feita pelo computador isolado; o modem e a produção criativa no computador coletivo; a produção criativa a partir da WWW 9 em 1995; as redes sociais; as tecnologias móveis; os arquivos em nuvem; e assim por diante.

Os exemplos de procedimentos matemáticos (permutação, por exemplo) e o uso de tecnologias antes e depois do computador nos levaram a mudar o título da obra para TecnoArtePoesia: Teoria, História, Antologias: Negociações com os Processos Digitais 10 . Os estudos feitos durante o pós-doutorado (Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP) ensejaram nova estrutura e a nova denominação. 11

O projeto da terceira edição conta com um livro impresso (cerca de 100 páginas) mais um site, a cargo de Elson Fróes. Quatro poetas digitais autorizaram a publicação dos seus poemas nas primeira e quarta capas: Elson Fróes, Silvestre Pestana, Emerenciano Rodrigues e Fernando Aguiar. Um brasileiro e três portugueses. A composição da capa está a cargo da designer gráfica Liliana Bellio.

As denominações sofreram alterações: poesia eletrônica, poesia digital, tecnoartepoesia. O adjetivo que qualifique o termo “poesia” pode ser o indicativo de que houve negociações com os processos digitais. Podemos nos reportar à literatura cibernética, ciberliteratura ou ciberpoesia, conforme estudos pioneiros de Pedro Barbosa. Nessa linha de raciocínio, poesia expandida também seria uma denominação válida, se a comparássemos com o conceito de cinema expandido, de Gene Youngblood, da maneira como também foi estudada em várias obras de Arlindo Machado.

Além de Theo Lutz (1932-2010) (Alemanha), a terceira edição será um tributo a E. M. de Melo e Castro (1932-2020) (Portugal / Brasil) e a Cesar Horácio Espinosa Vera (1939-2022) (México).

Aproveito para agradecer novamente todos as pessoas que me auxiliaram em todas as edições anteriores e que me incentivaram a fazer esta terceira edição. O nome das pessoas e das instituições está em AGRADECIMENTOS no livro impresso e no site, que é parte integrante do livro.

Esperamos que as novidades da terceira edição agradem os nossos ciberleitores.

Referências

ANTONIO, Jorge Luiz. Poesia eletrônica: negociações com os processos digitais. São Paulo, 2005. 201f. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) - PEPG em Comunicação e Semiótica, PUC SP. Acompanha um CD-ROM. São Paulo, 2005.
______. Poesia eletrônica: negociações com os processos digitais. São Paulo: FAPESP; Itu, SP: Autor; Belo Horizonte, MG: Veredas & Cenários, 2008. Acompanha um CD-ROM.
______. Poesia Digital: Teoria, História, Antologias: Negociações com os processos digitais. São Paulo: FAPESP; Navegar; Columbus, Ohio, EUA: Lusa Bisonte Prods, 2010. Acompanha um DVD.

 

Û Ý ´ ¥ Ü * e-mail: Elson Fróes