suppose
Life is an old man carrying flowers on his head.

young death sits in a cafe
smiling, a piece of money held between
his thumb and first finger

(i say "will he buy flowers" to you
and "Death is young
life wears velour trousers
life totters, life has a beard" i

say to you who are silent. — "Do you see
Life? he is there and here,
or that, or this
or nothing or an old man 3 thirds
asleep, on his head
flowers, always crying
to nobody something about les
roses les bluets
yes,
will He buy?
Les belles bottes—oh hear
, pas chères")

and my love slowly answered I think so. But
I think I see someone else

there is a lady, whose name is Afterwards
she is sitting beside young death, is slender;
likes flowers.


vamos supor
que a vida seja um velho que carrega flores na cabeça.

a jovem morte está sentada num café,
sorridente, uma moeda entre
o indicador e o polegar.
 
(falo para você "compre umas flores"
e: "a Morte é jovem
a vida usa calças largas
a vida gagueja, a vida tem barbas" e

falo pra você que se fecha no silêncio — "Tá vendo
a Vida? está lá e aqui,
é isto ou aquilo
ou nada ou um velho quase
adormecido, sobre a cabeça
flores, sempre gritando
pra ninguém alguma coisa sobre as
rosas e tulipas,
		sim,
			Ela vai comprar?
os belos ramalhetes — ei, escuta,
tá de graça")
e meu amor lentamente respondeu acho que sim. Mas
acho que vejo mais alguém ali

uma senhora, seu nome é Depois,
está sentada ao lado da jovem Morte, é bonita;
as flores gostam dela.



trad. Rodrigo Garcia Lopes
in revista K'an nº 2, 1989, p. 11.

----------"----------
somewhere i have never travelled, gladly beyond any experience, your eyes have their silence: in your most frail gesture are things which enclose me, or which i cannot touch because they are too near your slightest look easily will unclose me though i have closed myself as fingers, you open always petal by petal myself as Spring opens (touching skilfully, mysteriously) her first rose or if your wish be to close me, i and my life will shut very beautifully, suddenly, as when the heart of this flower imagines the snow carefully everywhere descending; nothing which we are to perceive in this world equals the power of your intense fragility: whose texture comples me with the colour of its coutries, rendering death and forever with each breathing (i do not know what it is about you that closes and opens; only something in me understands the voice of your eyes is deeper than all roses) nobody, not even the rain, has such small hands em algum lugar que nunca visitei, felizmente além de qualquer experiência, seus olhos retém o seu silêncio: nos seus gestos mais frágeis há coisas que me encerram, ou que não posso tocar porque estão perto. seu olhar mais breve me desabrocha feito pétalas mesmo que eu sempre me feche como dedos, você me abre sempre, pétala por pétala, como a primavera abre (tocando sutilmente, misteriosamente) sua primeira rosa. ou se seu desejo fosse estar perto de mim, eu e minha vida encerraríamos com beleza, de repente, como quando o coração dessa flor imagina a neve descendo docemente em todos os lugares. nada do que eu possa perceber neste mundo é igual à força de sua intensa fragilidade: cuja textura me mistura com a cor de seus campos, retribuindo a morte e o eterno a cada sopro (não sei dizer o que há em você que se fecha e se abre: só um pedaço de mim compreende que a voz de seus olhos é mais profunda que todas as rosas) ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas trad. Rodrigo Garcia Lopes
Û Ý ´ ¥ Ü *  e-mail: Elson Fróes