CINEMAGINÁRIO
1. sol tórrido no aljazar (lascas de zinco refletindo) sol batendo no sal 2. das costas do homem na barcaça e deu-se à estampa (um sopro quente passa) um caligrama na asa do anjo aprendiz da chuva 3. rubricando, rebatendo no arco-íris riso da híbrida holografia (do solo sobe um hálito quente) espumas ainda agonizam e novamente o mar traz à margem sua franja 4. atrás das pálpebras o olho dá forma ao sol : bola vermelha (um vento mantra passa) a íris fosforesce aureolando as pupilas em brasa 5. no cine Céu a sessão inicia pelo fim (o rubro horizonte nubla de repente) barbatanas no céu anfíbio guelras no céu íntimo 6. hojes mais longínquos lembram ontens ancestrais (um peixe roça a pele da pedra) há uma escritura definitiva nas estrelas sílabas 7. : a gula de luz de uma galáxia canibal (a lua finge mas já reflete sóis) há anos-luz daqui Andrômeda é a esfinge da via-láctea
1. A lua incha no céu cheio, ninfa mutante entre estrelas de um céu-show Da praia, onde as ondas lambem a orla e gozam espumas, dá pra ouvir o uivo do mar replay de édens 2. Lunar, a paisagem sem luz, lugar da imagem-transe, vortex fanopaico Reflexos orquestrados em seus escarcéus poesia na farra na liga das línguas! 3. Nós dois drogados de sentidos, andróides no replay de édens, roçando guelras no céu da boca, música amor maresia Nossas pupilas dilatam, último site na lua cheia 4. É diazul, soluz e nada escapa a sua explicação com as pernas trêfegas, tresandadas pisamos nas poças distraídos a cada passo iluminura tremeluzente - replay de édens
Estando sempre à luz do sol, a paisagem, narcisista, insiste. E viciada em flashes e ohs! ela se entrega ao flerte de turistas, banhistas e surfistas. Sendo ela que o sol eternamente assiste, a paisagem, narcisista, insiste, retendo estampas na retina, como se somente a sua performance existisse. Mas nela meu olhar não se detém, nenhum clic, espanto, nada. A memória agora está além, nem a mais linda imagem é guardada. Eu, de passagem e a paisagem, de paisagem. Em mim incide o que está depois da paisagem: oásis, Iemanjá, sereia, miragem.
liga de lábios e línguas trocando flocos de nuvens dedos tarântula dedilhando a espinha com leveza de brisa, dissipando figuras que flutuam na fumaça de incenso e marijuana : morcegos & mariposas No isopor da noite, heras brotam nos poros de Pégaso.
Quando te insurgires dos refletores da razão, Ah eu estarei aqui dentes à mostra , sonhos à solta , e quando abrires as comportas, tem coragem que na borra das bordas faremos um pacto : doa tuas moedas de luz ( também as cápsulas alopáticas) e monta no leopardo. Terás o Acaso e os sentidos imprevisíveis aloprados que fecundam os jardins da imaginação.
strange alchemy (inside this museum) your soul invades mine inside me sound words that are yours I'm already one of your figures wishing to scratch the sky the moon my eyes move imagination floats and throught frame window I see that your strokes still risk themselves in Basquiat street : HEMLOCK, DOG, BLACK, MOON SKY, TRASH, HOTEL, SLADE
Os poemas são do livro CINEMAGINÁRIO (Ed. ILUMINURAS).
Leia uma entrevista com o poeta em Balacobaco
Ricardo Corona?
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