M a r c e l o    S a n d m a n n

 

 

poemas de:

 

      l   í    r i  c    o
                 r  e  n  i    t  e n t    e

 

 

7 L E T R A S ]





O ENGENHEIRO EMBRIAGADO

João Cabral certamente há de desdenhar este conhaque Com a precisão de um engenheiro embriagado, traço-me certíssimo a compasso: irregular com todo rigor, deregradamente lúcido, calculadamente im- perfeito.
° ° °
minha mínima alquimia minha máxima alegria: sorver o sumo de pedras trincar os dentes n'água fria
° ° °

PEEP-SHOW "EL SIGLO DE ORO"

Um colo claro, casto, um clássico alabastro, recebe o selo raro de uns lábios de rubi. Qual barroco querubim tangendo o oco flautim, Cupido, todo transido, arfa as asas frenesi!
° ° °
torcer este silêncio aflito até que um grito caia sem sentidos
° ° °

SADOMASOQUISMO À LA CARTE

Beijarei teus lábios com requintes de crueldade. Afagarei tua pele macia com todo o ódio que há no mundo. Pousarei minhas coxas sobre as tuas como um edifício que desabasse. Mas, se preferires: Morderei teus lábios com extrema delicadeza. Rasgarei tua pele macia com a ternura que não há no mundo. Pisarei em tuas coxas como um santo que levitasse.

LEMINSKIANA

meio op meio pop meio vladimir propp ao fim & ao cabo ops! muito rock'n'rollmopos

CIRCO DE BAIRRO

Ninguém bateu palmas. ("Poema Circense" - José Paulo Paes) Meu coração é o picadeiro de um circo devastado. O leão e o tigre bocejam, os trapezistas bebem cachaça, o palhaço apanha as pulgas de uma velhíssima macaca. Só a pequena bailarina, de sorriso delicado, ensaia uma última pirueta sobre o pezinho amputado
° ° °

 

Marcelo Sandmann?

Copyright © 2001 Marcelo Sandmann.

 

Û Ý ´ ¥ Ü * e-mail: Elson Fróes