|| ||S|| ||O|| ||N|| ||E|| ||T|| ||Á|| ||R|| ||I|| ||O|| ||||| ||||| ||||| ||

Luís José Junqueira Freire (Salvador BA 1832-1855)

Revoltado e rancoroso, de nada adiantou ter ingressado jovem numa ordem religiosa, pois a clausura só lhe reprimiu a sexualidade e tornou-o mais blasfemo. Individualista, como o foram os ultra-românticos da terceira fase, não poderia se dar bem entre os altruístas beneditinos. Para não fugir à regra dos românticos, não foi pródigo nos sonetos. São só estes dois os que se conhecem dele:


[ININTITULADO]

Jovens filhos da pátria, em vossos peitos
Depõe a pátria seu porvir de glória:
Revolve sonhos de imortal memória,
Adejando inquieta em vossos leitos.

De vós espera sublimados feitos,
P'ra ornar de palmas a futura história;
Espera em vós, como esperava em Dória,
Dória tão jovem, como vós, nos pleitos.

Atletas do porvir, marchai seguros
Da liberdade à festa sacrossanta,
A levantar-lhe mais altivos muros.

Marchai: — que aos livres nem o céu suplanta,
E o índio do Brasil, sem elmos duros,
No olhar somente os déspotas espanta.


[ININTITULADO]

Arda de raiva contra mim a intriga,
Morra de dor a inveja insaciável;
Destile seu veneno detestável
A vil calúnia, pérfida, inimiga.

Una-se todo em traiçoeira liga,
Contra mim só o mundo miserável;
Alimente por mim ódio entranhável
O coração da terra que me abriga.

Sei rir-me da vaidade dos humanos;
Sei desprezar um nome não preciso;
Sei insultar uns cálculos insanos.

Durmo feliz sobre o suave riso
De uns lábios de mulher gentis, ufanos;
E o mais que os homens dão, desprezo e piso.

Û Ý ´ ¥ Ü * e-mail: elson fróes