O VENENO DO ESCORPIÃO

 

você nunca




inchado
pelos mais raros


você que se diz

noite após noite


não é você

eu quero vida
eu quero fêmea

chuva

minha poesia:
(musa ardente
palavra quente



& que de nós dois
sentiu no sangue
o veneno
rabo de arraia
no chakra

estufado

prazeres

deusa
reina entre os otários
o mesmo embaço
beleza cabaço

não é essa a poesia

você vem com pose
eu quero loba
astúcia de leoa
vinho


em dias de protesto
em noites de delícias)
que você sempre seja
cereja
erótica delicadeza
nus nos reste o pó
o pólen
que o vento espalha
& que as migalhas
caiam todas
(como na canção)
sobre a areia da praia
e do calçadão
de copacabana

do escorpião


do coração
rei coroado
& súbitos












ventania


Ademir Assunção
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