O SONETO FORMOSO

Se o que o poeta quer cantar (a fim de compensar a dor que é obrigado a cantar) é a beleza, nenhum símbolo mais eloqüente para resumi-la, além e acima da própria natureza, que a Mulher. Isto porque na estatística a maioria dos poetas sempre foi do sexo masculino, bem entendido. Resta verificar, se e quando as poetisas forem maioria, uma hipotética reciprocidade em relação ao Belo varonil. Fiquemos, por enquanto, na Beleza, personificada numa plástica figura feminil. Para contrabalançar a esmagadora propensão dos poetas a enaltecer a formosura de suas idolatradas, muitos ressalvam o quanto de transitoriedade, de vaidade ou de frivolidade costuma onerar o caráter duma bela mulher. Nesta página reúno casos em que a beleza feminina, impunemente ou não, é pintada como traço definidor. Para os casos em que a mulher é vista por ângulos menos exteriores ou superficiais, remeto o leitor à página intitulada O SONETO FEMININO. [GM] CELESTE [Adelino Fontoura] É tão divina a angélica aparência E a graça que ilumina o rosto dela, Que eu concebera o tipo da inocência Nessa criança imaculada e bela. Peregrina do céu, pálida estrela Exilada da etérea transparência, Sua origem não pode ser aquela Da nossa triste e mísera existência. Tem a celeste e ingênua formosura, E a luminosa auréola sacrossanta Duma visão do céu, cândida e pura. E quando os olhos para o céu levanta Inundados da mística doçura, Nem parece mulher, — parece santa. A DANÇA DOS SETE VÉUS [Alfredo Castro] O tetrarca pediu, disfarçando, de leve, Um desejo, com voz, de enternecida, rouca, Que Salomé, movendo o corpo airoso e breve, Dançasse. Estava triste, e era a graça bem pouca. Envolta em sete véus alvíssimos, de neve, Ela, a judia, põe-se a dançar, como louca. E, a cada evolução que seu corpo descreve, Como uma estranha flor, dos seus véus se destouca. Em meneios gentis, a princesa, que gira, Tira o primeiro véu, tira o segundo, tira O terceiro, e outro mais, mais outro, e outro, ainda. Quando o véu derradeiro ela afinal arranca, Estaca. Aos olhos reais, Salomé, na mais franca Nudez, mostra-se, então, provocadora e linda. ESTELA E NIZE [Alvarenga Peixoto] Eu vi a linda Estela, e namorado Fiz logo eterno voto de querê-la; Mas vi depois a Nize, e a achei tão bela Que merece igualmente o meu cuidado. A qual escolherei, se neste estado Não posso distinguir Nize de Estela Se Nize vir aqui, morro por ela; Se Estela agora vir, fico abrasado. Mas, ah! que aquela me despreza amante, Pois sabe que estou preso em outros braços, E esta não me quer por inconstante. Vem, Cupido, soltar-me destes laços: Faze de dois semblantes um semblante, Ou divide o meu peito em dois pedaços! SONETO DA ARMIDA [Álvares de Azevedo] Os quinze anos de uma alma transparente, O cabelo castanho, a face pura, Uns olhos onde pinta-se a candura De um coração que dorme, inda inocente. Um seio que estremece de repente Do mimoso vestido na brancura, A linda mão na mágica cintura, E uma voz que inebria docemente. Um sorriso tão angélico! tão santo E nos olhos azuis cheios de vida Lânguido véu de involuntário pranto! É esse o talismã, é essa a Armida, O condão de meus últimos encantos, A visão de minh'alma distraída! NEREIDA [Antônio Sales] É de origem marinha, certamente... Algo de um gênio salso se revela Naquela boca de coral, naquela Coma ondulada, de âmbar transparente. Parece que, ao marchar, nada no ambiente: E sob a gaza diáfana, que a vela, Tem rubores de concha a face dela, E o seu colo é de espuma consistente. Do pego astral, da linfa escandinava, Deve ter vindo esta nereida flava, Que as algas não mais vestem com seus folhos. E não me surpreende que ainda traga, Como lembrança da materna vaga, Dois pingos de água cérula nos olhos. VÊNUS [Assis Garrido] Deusa, a teus pés, a flor das minhas crenças, ponho! Mulher, eu te procuro, eu te amo, eu te desejo! Para a tua nudez, — a gaze do meu Sonho, Para a tua volúpia, — o fogo do meu Beijo. Divina e humana, impura e casta, o olhar risonho, Cabelos soltos, corpo nu, como eu te vejo, Dás-me o calor dos versos que componho E enches-me de alegria a vida que pelejo. Glória a ti, que, de Amor, cantaste, aos evos, o hino, Que surgiste do mar branca, leve, radiante, Para a herança pagã do meu sangue latino! Glória a ti, que ficaste, à alma dos homens, presa, Para a celebração rubra da Carne estuante E a régia orquestração da Forma e da Beleza! MARFÍSIA [Basílio da Gama] Já, Marfísia cruel, me não maltrata Saber que usas comigo de cautelas, Que inda te espero ver, por causa delas, Arrependida de ter sido ingrata. Com o tempo, que tudo desbarata, Teus olhos deixarão de ser estrelas; Verás murchar no rosto as faces belas, E as tranças de ouro converter-se em prata: Pois se sabes que a tua formosura Por força há de sofrer da idade os danos, Por que me negas hoje esta ventura? Guarda para seu tempo os desenganos, Gozemo-nos agora, enquanto dura, Já que dura tão pouco a flor dos anos. ESPLENDOR EFÊMERO [Bastos Portela] És moça e bela. Assim, hoje pões e dispões; E, feliz, num requinte fátuo de vaidade, Vais pela vida, altiva, a esmagar corações... Nada encontras no amor que te amargure ou enfade! Mas, quando, um dia, enfim, atingires a idade Em que se perdem, para sempre, as ilusões, Tu me dirás, então, o que é sentir saudade E o que é chorar no horror de longas solidões... A beleza desfeita, humilde, decadente, Serás a flor que, num jardim, murcha e descora, Ao crepúsculo azul da tarde, mansamente... E vendo-te passar, como os fantasmas, eu... Eu sofrerei, talvez, como quem lembra ou chora Uma bela mulher que se amou, e morreu! ESTRELA MATUTINA [Bernardo de Oliveira] Negros olhos belíssimos, rasgados, Como os da águia, vivos, penetrantes, Na paz — serenos, meigos, — mas irados, Podem fundir rochedos e diamantes. Também negros cabelos ondeantes; Boca pequena, lábios nacarados. Alvos dentes; de mármore talhados Os braços são e os seios ofegantes. E o corpo inteiro; as faces purpurinas. É uma formosa matutina estrela, Fulgurando entre as névoas matutinas. É uma deusa de Rubens sobre a tela, Tem a morte e o amor sob as retinas... E eu tenho a vida nos olhares dela! MISTICISMO [Cândido Mariano de Oliveira] Madonas deslumbrantes da pintura, Contornadas visões da estatuária, A vossa arte já é desnecessária, Ante meus olhos outro amor fulgura! Mais que vós, Fornarina, na brancura, Seu rosto esplende de uma chama vária, E, Vênus, mais que a vós, quem há que encare-a Sem preitos não render à formosura?! Quero em meio de um sonho que imagino Isolar-me dos homens, me isolando, A alma inteira lhe atirar num hino! E como em sonho a vida vai passando, Em sonho serás meu, mármor divino! E, mesmo em sonho, morrerei te amando! PLANGON [Celso Vieira] Glória imortal da helena fantasia, Maravilha da Forma encantadora! Não seria mais bela, nem seria Mais orgulhosa se uma Deusa fora. Ei-la que passa: rútila, irradia Dos seus cabelos a alvorada loura; Ao vê-la, a gente evoca a sinfonia Do mar da Jônia à Vênus tentadora. Ei-la que passa: tudo se ilumina À luz de seus olhares; tudo exalta Seu porte, ao som de sua voz divina... E os anjos voam no infinito ao vê-la, Pois desejam saber se acaso falta No cortejo da noite alguma estrela! AMADOS OLHOS [Cláudio Manuel da Costa] Estes os olhos são da minha amada: Que belos, que gentis, e que formosos! Não são para os mortais tão preciosos Os doces frutos da estação dourada. Por eles a alegria derramada, Tornam-se os campos de prazer gostosos; Em zéfiros suaves, e mimosos Toda esta região se vê banhada; Vinde, olhos belos, vinde; e enfim trazendo Do rosto de meu bem as prendas belas, Dai alívios ao mal, que estou gemendo: Mas ah delírio meu, que me atropelas! Os olhos, que eu cuidei, que estava vendo, Eram (quem crera tal!) duas estrelas. BOCA [Cruz e Souza] Boca viçosa, de perfume a lírio, da límpida frescura da nevada, boca de pompa grega, purpureada, da majestade de um damasco assírio. Boca para deleites e delírio da volúpia carnal e alucinada, boca de Arcanjo, tentadora e arqueada, tentando Arcanjos na amplidão do Empírio, boca de Ofélia morta sobre o lago, dentre a auréola de luz do sonho vago e os faunos leves do luar inquietos... Estranha boca virginal, cheirosa, boca de mirra e incensos, milagrosa nos filtros e nos tóxicos secretos... SONETO 225 INEXORÁVEL [Glauco Mattoso] Beleza na mulher chega a ser chata, de tão obrigatória que se faz. Perfídia não lhe fica nada atrás, pois quanto mais bonita mais ingrata. O jovem julga a pérfida uma gata, mas ela acha um cachorro seu rapaz. Contudo, o tempo nunca a deixa em paz, e a face da velhice já tem data. Ser feio é mais vantagem. Quem o é já fica como todos vão ficar: a cara, velha ou não, do jacaré. A bela, se tiver nariz no ar, um dia vê no espelho um lheguelhé. Só resta-lhe a vassoura pra voar. ORIGINAL E CÓPIA [Gregório de Matos] Se há de ver-vos quem há de retratar-vos E é forçoso cegar quem chega a ver-vos, Sem agravar meus olhos, e ofender-vos, Não há de ser possível copiar-vos. Com neve, e rosas quis assemelhar-vos, Mas fora honrar as flores, e abater-vos; Dois zéfiros por olhos quis fazer-vos; Mas quando sonham eles de imitar-vos? Vendo que a impossíveis me aparelho, Desconfiei da minha tinta imprópria, E a obra encomendei a vosso espelho. Porque nele com luz, e cor mais própria Sereis, se não me engana o meu conselho, Pintor, pintura, original, e cópia. MÍSTICA [Guimarães Passos] Como aérea visão, leve e formosa, Que só aos sonhos dos amantes desce, Assim ante os meus olhos aparece A sua imagem doce e luminosa. Tão pouco nos falamos que, parece, Quando lhe vejo a forma vaporosa, Que a vejo morta, e que ela vem, chorosa, Pedir-me ainda a derradeira prece. Olho-a, cheio de mágoa e de carinho: Beijo-a, e o meu beijo perde-se na altura, Como um canoro pássaro sem ninho. E aos poucos, vejo-a, muda, entre outras belas, Subindo ao céu com as asas da candura, Coroada de um círculo de estrelas. COLEGIAL [J. G. de Araújo Jorge] Gosto de vê-la, sim... Quando à tarde ela vem, fisionomia suave, ingenuamente franca... Toda a rua se alegra, e eu me alegro também com o seu vulto feliz: saia azul, blusa branca... Quantos nadas de sonho o seu olhar contém! A luz viva do olhar ninguém talvez lhe arranca. — Gosto de vê-la, sim... E ficam-lhe tão bem aquela saia azul, e aquela blusa branca... Azul: — azul é a cor da vida que ela sonha! E branca: — branca é a cor da sua alma de criança onde ela própria se olha irrequieta e risonha... Feliz... Não tem presente e ainda nem tem passado... Só o futuro, — e o futuro é uma imensa esperança um mundo que ainda fica oculto do outro lado! O RETRATO [José Bonifácio] Incline o rosto um pouco... assim... ainda... Arqueie o braço, a mão sobre a cintura; Deixe fugir-lhe um riso à boca pura E a covinha animar da face linda. Erga a ponta do pé... que graça infinda! Quero nos olhos ver-lhe a formosura, Feitiço azul de orvalho que fulgura, Froco de luz suave que não finda. Há pouca luz... eu vejo-a... está sentada. Passou-lhe a sombra de um cuidado, agora, Na ruguinha da fronte jambeada... Enfadou-se?... Meu Deus, ei-la que chora! Pois caiu-me o pincel, que mão ousada! Pintar a noite o levantar da aurora!... O COLO [Luís Delfino] Seu colo é como um lírio, alvo e elevado, Tendo o esplendor dos mármores brunidos, Sobre a espuma das rendas dos vestidos, Como a de um mar em pontas desdobrado. Ondula, como em lago o cisne a nado, Brando volita em todos os sentidos: Tem os giros dos sóis nos céus perdidos, E cheira, como o abrir-se em flor um prado. Fez dele obra de artista florentino Base em que assenta o rosto seu divino, Onde de noite e de dia a beijos bordo, E a cabeça, em que um astro anda desfeito Em raios, que dão luz à espádua e ao peito, E a cuja sombra d'oiro eu durmo e acordo... FORMOSA [Maciel Monteiro] Formosa, qual pintor em tela fina Debuxar jamais pôde e nunca ousara; Formosa, qual jamais desabrochara Na primavera a rosa purpurina; Formosa, qual se a própria mão divina Lhe alinhara o contorno e a forma rara; Formosa, qual jamais no céu brilhara Astro gentil, estrela peregrina; Formosa, qual se a natureza e a arte, Dando as mãos em seus dons, em seus louvores, Jamais soube imitar no todo ou parte: Mulher celeste, oh! anjo de primores! Quem pode ver-te, sem querer amar-te? Quem pode amar-te, sem morrer de amores?! MANCHA [Manuel Bandeira] Para reproduzir o donaire sem par Desse alvo rosto e desse irônico sorriso Que desconcerta e prende e atrai, fora preciso A mestria de Helleu, de Boldini ou Besnard Luz faiscante malícia ao fundo desse olhar, E há mais do inferno ali do que do paraíso... O amor é tão-somente um pretexto de riso Para esse coração flutuante e singular. Flor de perfume raro e de esquisito encanto, Ela zomba dos que (pobres deles!) sem cor Vão-lhe aos pés ajoelhar ingenuamente... Enquanto Alguém não lhe magoar a boca de veludo... E não a fizer ver, por si, que isso de amor No fundo é amargo e triste e dói mais do que tudo. ONDA... MULHER... [Moacir Silva] Há formas feminis, esculturais, redondas À superfície azul da água que se avoluma, Cabelos de esmeralda a flutuar nas ondas E risos de mulher na efervescente espuma... E o Mar — que anda talvez elaborando alguma Outra Vênus, moderna e mais perfeita, — hediondas Cousas oculta... Assim, mulher, teu corpo afuma A alma que abismos tem, por mais que no-lo escondas... O Oceano atrai e mata. A Mulher nos fascina E engana; enquanto o Mar soluça à areia fina, A Vaga vai tomando humana forma e quer Que eu vá beijar-lhe o corpo impecável que admiro... Mas fujo, então, de ti, Onda, porque deliro E não distingo mais se és Onda ou se és Mulher!... O CREPÚSCULO DA BELEZA [Olavo Bilac] Vê-se no espelho; e vê, pela janela, A dolorosa angústia vespertina: Pálido, morre o sol... Mas, ai! termina Outra tarde mais triste, dentro dela; Outra queda mais funda lhe revela O aço feroz, e o horror de outra ruína: Rouba-lhe a idade, pérfida e assassina, Mais do que a vida, o orgulho de ser bela! Fios de prata... Rugas... O desgosto Enche-a de sombras, como a sufocá-la Numa noite que aí vem... E no seu rosto Uma lágrima trêmula resvala, Trêmula, a cintilar, — como, ao sol-posto, Uma primeira estrela em céu de opala... ELA [Pinheiro Viegas] Entra. Despe-se. E, nua, a rir, sem cerimônia, (Ela é a visão celeste e a femina terrena!), Negros olhos de ônix, solta a bruna melena, Anda, à noite, em meu quarto, ao léu da minha insônia. Cismo: é tzigana, a musa, a madona, a demônia, A mandrágora, a eufórbia, a raflésia, a açucena, Grande, soberba, irreal, pulcra, nívea, serena, Frio alabastro nu de vedra estátua jônia. Alva, argêntea, lunar, dúbia ao sonho, imprecisa (Para a sua psiquê só mesmo a sua plástica!), Ela faz-me lembrar Da Vinci, a Mona Lisa. Cai-lhe sobre a nudez o amplo peplo vermelho. Depois, nada. Ilusão! E eu só vejo, fantástica, A máscara da lua, a rir, no meu espelho. IDOLATRIA [Teles de Meireles] Modelo de raríssima beleza! Esplêndida mulher fascinadora! Outra não há mais bela e tentadora!... Prodígio divinal da Natureza!... Artístico primor! Tão sedutora Não era Aspásia, e Vênus com certeza Não tinha como tens, tanta pureza Na correção da Forma encantadora... Que boca e que sorrir tão fascinantes, Desde que os vi, a todos os instantes Outros não vejo e que delícia em vê-los. Preso, de amor nos venturosos laços Eu só queria ter-te nos meus braços; Dormir, sonhar, morrer nos teus cabelos!... A ESTÁTUA [Teófilo Dias] Fosse-me dado, em mármor de Carrara, Num arranco de gênio e de ardimento, As linhas do teu corpo o movimento Suprimindo, fixar-te a forma rara, Cheio de força, vida e sentimento, Surgira-me o ideal da pedra clara, E em fundo, eterno arroubo, se prostrara, Ante a estátua imortal, meu pensamento. Do albor de brandas formas eu vestira Teus contornos gentis; eu te cobrira Com marmóreo sendal os moles flancos. E a sôfrega avidez dos meus desejos Em mudo turbilhão de imóveis beijos As curvas te enrolara em flocos brancos. MINIATURA [Valentim Magalhães] Nas persianas o sol, quebrado e morno, Espreita o cálido e cheiroso ninho, E a rósea e branda luz derrama em torno Do seu corpo, deitado sobre o linho. Apenas um roupão; nenhum adorno. Dorme, e do sono o belo desalinho As perfeições descobre do contorno, Que atrai, prende e embebeda como o vinho! Um "bouquet" pelo aroma se adivinha; Aos seios nus mimosa criancinha Adormecida achega carinhosa... Esse quadro de graça e de frescura Lembra uma fina e doce miniatura, Vista através de um pétalo de rosa. SONETO DA MUDANÇA [Vicente de Carvalho] Não me culpeis a mim de amar-vos tanto Mas a vós mesma, e à vossa formosura: Que, se vos aborrece, me tortura Ver-me cativo assim do vosso encanto. Enfadai-vos. Parece-vos que, em quanto Meu amor se lastima, vos censura: Mas sendo vós comigo áspera e dura Que eu por mim brade aos céus não causa espanto. Se me quereis diverso do que agora Eu sou, mudai; mudai vós mesma, pois Ido o rigor que em vosso peito mora, A mudança será para nós dois: E então podereis ver, minha senhora, Que eu sou quem sou por serdes vós quem sois.
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Û Ý ´ ¥ Ü * e-mail: elson fróes